Jorginho e o Dragão Camaleão

O espetáculo com texto e direção de Dario Uzan é inspirado na obra naif do artista plástico
Ronaldo Mendes, que assina a cenografia.

Sinopse

Jorginho e seus amigos vivem perigosos e divertidos desafios para encontrar o coração do Dragão Camaleão. O espetáculo coloca em cena bonecos de crianças que serão futuros santos populares, como Jorginho (São Jorge), Longuinho (S. Longuinho), Ditinho – boneco negro (S. Benedito), Chiquinho (S. Francisco), Luzia – boneca cega (Santa Luzia). Completa o elenco um cavalinho charmoso que é o Pangaré – tudo para compor um painel criativo e curioso da cultura brasileira, com elementos fantásticos e folclóricos. A trilha sonora é composta por Charles Raszl (Grupo Barbatuques) e conta com 20 bonecos e cinco atores que cantam músicas ao vivo. O projeto do espetáculo conquistou 02 prêmios para ser produzido (Municipal e Estadual) que resultou em uma aventura divertida e bem brasileira. Coordenação de Dramaturgia de Luis Alberto de Abreu: (Hoje é Dia de Maria; Pedra do Reino – TV).

Release

Em uma antiga aldeia brasileira, Jorginho brinca de caçar dragões, mas de repente tudo se transforma em ameaça real. Jorginho enfrenta o Dragão e consegue matar o monstro. Mas o dragão Camaleão logo retorna porque é invencível e não tem coração. Jorginho e seu amigo Longuinho descobrem que o coração do Dragão existe, sim, mas está escondido no fim do mundo, onde o vento faz a curva. Discutem e decidem que Jorginho ficará na aldeia lutando contra o esperto e camuflado Dragão, enquanto Longuinho fará uma saga até o fim do mundo para encontrar o coração do monstro, quando passará por perigos e desafios nunca imaginados.

A encenação

Para o cenário desta aventura, Ronaldo Mendes criou uma atmosfera única, os traços originais do artista brasileiro têm o intuito de aproximar e estimular a estética de desenhos-arte ao universo de crianças e pré-adolescentes. “Para a Cia. Articularte, Ronaldo Mendes criou um novo mundo, com olhar aguçado, gracioso e provocativo. E essa envergadura plástica pode fazer com que a nossa viagem teatral atinja diversos endereços imaginários do público”, comenta Dario Uzam.

Com a função de reger a dinâmica de toda a animação, a Cia. Articularte convidou Charles Raszl (grupo Barbatuques) para compor músicas que são cantadas ao vivo, bem como criar uma sonoplastia variada utilizando releituras de ritmos e instrumentos primitivos brasileiros, tais como Trovas líricas, Coco, Maracatu (Baque Virado), Galope, entre outras riquezas sonoras. E coube a Domingos Quintiliano o trabalho de propor climas para iluminar criativamente tanto as nuances da montagem, como os traços divertidos da obra do artista Ronaldo Mendes.

E para teatralizar esta aventura multicolorida, a Cia. Articularte criou diversos adereços, além de oito bonecos articulados de corpo inteiro; seis bonecos de luvas com pernas aparentes; dois bonecos com varas e um boneco dragão gigante multifacetado, manipulados por 05 atores.

Ficha técnica:

Texto e direção: Dario Uzam

Coordenação de dramaturgia: Luis Alberto de Abreu

Iluminação: Domingos Quintiliano

Elenco: William Lobo, Surley Valério, Gabriela Zenaro, Roberta Turro e Flávio Borzi – Renato Bego (suplente).

Músicas e Trilha sonora: Charles Raszl (grupo Barbatuques)

Cenografia: Ronaldo Mendes

Bonecos e Adereços: Surley Valério e Cia Articularte

Desenhos, leiaute e figurinos dos bonecos: Thaís Uzan

Figurinos dos Atores e Direção de Produção: Deborah Correa

Produção executiva: Cia. Articularte

Classificação indicativa: a partir de 4 anos

Fotos – Crédito para Lucimara Vidal.

Ronaldo Mendes – Artista Plástico

Nasceu em Belo Horizonte – MG. Desde criança interessou-se pela arte de uma forma especial. Na adolescência fez curso de desenho com Frederico Bracher, mas abandonou o curso voltando seu interesse para o Box, a que se dedicou durante alguns anos, sem esquecer de sua paixão pela arte.

Antes de ser reconhecido como pintor Naif, trabalhou como publicitário, desenhista arquitetônico e arte finalista. Criou estampas para roupas e montou uma empresa especializada. Esse trabalho deu-lhe a oportunidade de conhecer os segredos das cores. Aos 30 anos decidiu dedicar-se inteiramente à pintura.

Nunca quis fazer cursos de pintura, pois já tinha um estilo marcado pelo autodidatismo e a temática da infância mineira. Hoje trabalha com grandes Galerias de arte pelo Brasil e exterior. No entanto, o reconhecimento de seu trabalho não lhe tirou a sua principal característica: a humildade de estar sempre disposto a aprender. Ronaldo Mendes também desenvolve trabalhos e oficinas de desenhos com crianças, e não hesita em colaborar com as escolas que o procuram. Orgulha-se em considerar-se um artista autodidata e gosta quando o comparam com artistas Naif, embora não goste de rótulos.

Link de imagens na web: clique aqui. Ou aqui: www.artmajeur.com/ronaldomendes/

Ronaldo Mendes e a infância sonhada

Cynthia Valente

Ronaldo Mendes é um raro artista. Investigador incansável da pureza do olhar infantil, emociona e surpreende adultos e crianças. O Artista mineiro, chamado de Naif pela crítica, aprimora, a cada dia, marcas pictóricas que não nascem de nenhum conhecimento sistêmico, ao contrário, querem-se distantes dele. Ao falar de seus quadros, Ronaldo não esconde a falta de interesse pelos modelos plásticos valorizados pela academia. Por outro lado, gosta de ser um estudioso da infância, talvez porque saiba que transita por ela com uma destreza incomum.

Apaixonado pela vida, o pintor, morador de Belo Horizonte, é homem acessível e humilde, que abre as portas do seu atelier, divulga seu trabalho virtualmente, restaura esculturas em igrejas e realiza palestras em escolas. Diz que seu objetivo com os quadros é levar alegria para a vida das pessoas. Esse jeito simples de ser, movimentou, de uma forma nunca imaginada por ele, um fenômeno de aceitação entre as crianças de diferentes idades. A cada dia vemos aumentar a lista de admiradores infantis. As crianças que conhecem o seu trabalho, contagiam-se com o seu gosto pela arte e emocionadas colorem e reinventam as obras. O artista, apaixonado pela reação infantil, absorve tudo e recria suas próprias perspectivas.

Consegue assim desacelerar o ritmo frenético da modernidade ao abrir as portas para uma mágica inocência. É comum que os compradores relatem a alegria de ter um Ronaldo Mendes em suas casas. Suas poesias pictóricas atemporais aludem não exatamente ao tempo da infância, mas a um tempo desejado por ela. As cores e traços vivificam pequenos contos infantis, carregados de segredos e inspiradores de sonhos. Com a pureza extraída de sua própria infância onírica, pinta formas com as dimensões que só uma criança seria capaz de pintar. E então somos seduzidos por bracinhos encantadoramente desproporcionais, santas de meias e santos meninos. Entre poesia e cores, os personagens encantados se multiplicam para contar histórias dentro de um palco itinerante embalado pela religiosidade de Minas e pela musicalidade do Clube Da Esquina. Somos devolvidos a nossa própria essência, revivemos as ingênuas brincadeiras,

reconhecemos as paisagens do mundo e aprendemos a respeitar diferenças. Desconstruindo magicamente antigas referências, voltamos à felicidade da verdadeira infância: a infância sonhada.

Cynthia Valente

Dra. em Literatura Hispânica – Professora do Departamento de Língua e Literatura Estrangeira

(2012).

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